Capitão Ribeiro responde - parte 04
Sonhar é preciso: Porque atuar na prevenção às Drogas?
Capitão Ribeiro: O mundo vive hoje talvez o seu pior momento na história. A disseminação das drogas, considerada pela Organização Mundial de Saúde como Doença Social Epidêmica, (EPIDEMIA SOCIAL), tem causado morte e destruição de milhões de famílias. Digo famílias porque onde há um dependente químico toda a família sofre e morre de alguma forma. O tema “Prevenção às Drogas”, embora latente desde o meu ingresso na PM em 1980, ganhou força em minha vida a partir do ano 2002 quando, já desanimado com as políticas de enfrentamento das drogas à época, as quais consistiam somente na prisão do traficante e usuário e não havia nenhuma ação para tentar diminuir a causa; trabalhávamos apenas na consequência. Um eterno enxugamento de gelo.
Então como disse alhures surgiu oficialmente na PM naquele ano o Programa Educacional de Resistência às Drogas, PROERD, e este programa, que foi criado nos Estados Unidos e funciona em mais de 80 países, trouxe um novo olhar sobre o problema das drogas, mostrando que com um trabalho preventivo sério, levado a efeito por uma instituição séria, utilizando pessoas capacitadas e comprometidas com a causa, direcionado prioritariamente às crianças na faixa etária de 9 a 10 anos, é possível sim, diminuir significativamente o número de pessoas com problemas relativos às drogas e consequentemente diminuir o número de internações hospitalares e ainda reduzir muito a quantidade de pessoas que todos os dias superlotam os presídios. Estima-se que 80% dos crimes cometidos tem relação com as drogas lícitas e ilícitas.
Em minha trajetória na vida policial participei de vários seminários, simpósios e reuniões sobre o tema drogas e além do Curso de Instrutor PROERD, com especialização, também fui buscar, com meios próprios, conhecimentos fora do Estado tendo realizado em 2006 um curso de Capacitação em prevenção às Drogas no DENARC, Departamento de Narcóticos da Polícia Civil de São Paulo.
Por tudo isso, acredito que posso ajudar muito neste terrível momento que as famílias estão vivendo e seria uma crueldade de minha parte, agora aposentado, cruzar os braços, e ser um expectador do sofrimento alheio.